Você começa tendo um logo caminho pela frente. Idealiza uma carreira bem-sucedida, na qual você será feliz, realizado e conquistará financeiramente tudo o que deseja. Mas ao longo do percurso percebe que é necessário muito mais esforço do que previa, nem tudo é fácil, precisa acelerar, se dedicar cada vez mais, às vezes anular sua voz interior para permanecer focado. Ao mesmo tempo, necessidades e responsabilidades surgem. Fazem parte do curso natural da vida e do amadurecimento. Mais foco, mais determinação e garra para se manter no caminho. Já tendo trilhado boa parte e tendo adquirido experiência, chega um momento em que você sente a necessidade de desacelerar, quer andar com um pouco mais de tranquilidade. É neste momento que decide dar uma olhadinha para trás e ver o quanto já percorreu.
Pronto: ao olhar para trás entrou no trecho de gravidade zero da sua vida.
Lembra da Sandra Bullock no filme Gravidade? Como era desconfortável e incerto o futuro para ela? Pois é, essa tal gravidade zero subtrai o chão, você flutua sem estar certo do destino final. Flutuar é difícil, sensação desconhecida, traz inseguranças e incertezas. Mas ao flutuar você pode ver tudo por outro ponto de vista e imagina que talvez houvesse outros modos de percorrer o caminho. As paisagens poderiam ter sido outras, poderia ter dado mais cores e nuances a cada etapa. Talvez pudesse ter aproveitado mais cada momento. Mas nem tudo é desanimador. No mesmo filme o George Clooney também aparece. Em contraponto, ele traz tranquilidade, sorri mais, domina as piores situações, aproveita a gravidade zero para flutuar com leveza, tira proveito dela. Parece até apreciar o trajeto que faz, o momento que vive.
Este trecho de gravidade zero é, metaforicamente, a crise da meia idade no trabalho. Você olha e analisa o que fez e o que foi. Se questiona, se coloca a prova, tem sentimentos e sensações inesperadas. Vive o seu momento “Sandra Bullock”. Mas geralmente, depois disso chega ao estágio “George Clooney”. Conclui que o que passou é impossível mudar, mas deseja um destino no qual possa ser você mesmo, fazer mais o que tem vontade e menos o que esperam de você, quer ser e fazer o que decidir.
Crise nunca é fácil, sugere tensão, então, tenha lembre-se que:
- A crise da meia idade no trabalho, chega para todos. Em algum momento você vai se questionar.
- Flutuar é estranho, você pode dar muitas trombadas em pensamentos diversos e contraditórios antes aprender lidar com esta fase. Sim, é uma fase. Tenha paciência com você mesmo. Se entenda. Seja generoso.
- Não se compare com os outros. Cada um tem sua história. Este momento é individual e você precisa se permitir ficar no silêncio do espaço, flutuando sem destino em seus pensamentos, para que possa se ouvir e se encontrar.
- Ajuda profissional para atravessar a crise é muito bom. Faz um bem danado compartilhar com alguém que entende seu momento e não faz julgamentos.
- A alguma conclusão você chegará, mas ao seu tempo, sem pressa. Não queira abreviar ou pular esta fase.
- Ao final você pode decidir seguir o caminho previsto, o plano inicial, aquele lá do início do texto ou achar um outro. Essa é uma resposta que só você poderá dar a si mesmo.
O mais valioso da crise é o processo de reflexão sobre si mesmo que ela traz. O que menos importa é você conseguir se autoanalisar para se transformar e se encontrar. Resumindo, aproveite o seu trecho de gravidade zero e o entenda como uma grande oportunidade para dar um passo à frente.
Perto dos quarenta, segundo Carl Jung, a vida de uma pessoa costuma ser bastante unilateral e desequilibrada, e a missão passa a ser mudá-la, sendo um indivíduo exclusivo, expressando-se de modo individualizado. Algumas perguntas podem te ajudar:
- O que fiz com a minha vida?
- O que realmente obtive e dividi com meu cônjuge, filhos, amigos, trabalho, comunidade e para mim mesmo?
- O que realmente quero para mim e para os outros?
- Quais são meus valores atuais e como eles se refletem em minhas escolhas?
- Quais são as minhas habilidades e como as estou usando ou desperdiçando?
- O que fiz com meus sonhos de juventude e o que quero agora?
- De que maneiras posso viver para combinar meus desejos, valores e habilidades?
Aqui vai uma dicaduka do Jung: Até você tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida e você vai chamá-lo de destino.
Mochila nas costas e até a próxima trilha!
Esse texto é mais um trabalho em parceria com a minha amiga Marta Fujii.
Marta Fujii tem formação executiva Comunicação Social, é especialista em Relationship Marketing. Trabalha com marketing e comunicação de grandes empresas sempre estimulada pelo potencial humano de transformação. Tem 24 anos de experiência e atua fortemente no terceiro setor desde o ano de 2000.